Ao volante do Land Rover Discovery 3.0 TD6

O novo Land Rover Discovery é um dos melhores exemplos da polivalência sobre rodas. Responde às necessidades das famílias numerosas, vai ao encontro das exigências de quem aprecia requinte e conforto, e é capaz de surpreender os que apreciam passear longe do alcatrão.

A oferta é ampla, mas se há modelos mais baratos (desde 69 616 €) do que o 3.0 TD6 HSE (a partir de 100 628 €), eles não são a mesma coisa...

IMAGEM. Os novos Discovery rompem com o passado marcado por linhas direitas e um estilo "puro e duro" à medida de um todo-o-terreno, com um chassis de travessas e longarinas. Aburguesou-se com um estrutura monobloco onde predomina o alumínio, que garante tanta ou mais rigidez estrutural.

A robustez deu lugar à elegância num modelo com 4,97 metros de comprimento. São mais 39 centímetros do que o Discovery Sport com o qual partilha um ar de família, apesar de ter a sua própria identidade. Isso é evidente nos detalhes do desenho: o tejadilho com dois níveis e o pilar traseiro inclinado fazem a ponte entre o passado e o presente.

HABITÁCULO. Os 2,92 metros entre-eixos permitiram garantir muito espaço para cinco pessoas e oferecer sete verdadeiros lugares numa configuração 2+3+2 (opcional por 1 679 €). Este é um dos grandes trunfos desta proposta. A habitabilidade merece aplausos. O espaço/acessibilidade para os ocupantes dos lugares posteriores é uma referência e faz uma grande diferença relativamente à concorrência.

A qualidade de vida a bordo é outro trunfo num modelo onde os materiais de série são de qualidade, apesar de poderem ser tão requintados quanto o cliente queira pagar. Os ingleses seguiram a via alemã, e aquilo que o cliente verdadeiramente quer é pago à parte...

As madeiras, os bancos, forros e peles mais requintadas, custam dinheiro, mas os inúmeros porta-objectos que facilitam a comodidade são de série, o mesmo acontecendo com as nove entradas USB e seis tomadas 12V, que são uma mais valia para as famílias numerosas que viajam em conjunto.

Não gostamos muito do grafismo do ecrã central (comum a todos os modelos Jaguar/Land Rover) que gere as mais diversas funções, como a configuração dos bancos, que também pode ser controlada com uma "App" disponível para smartphones. É uma proposta tão prática como útil (também custa dinheiro).

A fila central de bancos pode deslocar-se longitudinalmente (16 centímetros) e, se na configuração de sete lugares estão disponíveis 258 litros de volume na bagageira, com cinco pessoas este valor sobe para 1 231 litros e pode atingir os 2 500 litros com apenas dois lugares. 

MOTORES. A proposta de motores passa por três opções diesel (2.0 TD4 180 cv, 2.0 SD4 240 cv e 3.0 TD6 258 cv) e uma a gasolina (3.0 Si6 de 340 cv). Todos contam com uma caixa automática de oito velocidades e tracção 4x4 com a possibilidade de bloquear o diferencial central e o traseiro (opcional). 

Num veículo com estas características, as performances puras perdem relevância face à resposta a baixo regime e, quando falamos em binário, os diesel são imbatíveis. Por isso optámos pelo 3.0 TD6, quanto a nós a proposta mais apelativa dos novos Discovery....

AO VOLANTE. A elasticidade característica dos motores de seis cilindros é tão importante no meio do tráfego urbano como em estrada, ou fora dela. Mais importantes do que os 258 cv disponíveis é a disponibilidade de potencia a baixo regime, que é tão importante no meio do pára-arranca urbano, como na transposição de obstáculos fora de estrada.

Mesmo assim, é fácil perceber que aqueles que estão mais familiarizados com os velhos Discovery possam "torcer o nariz", ao novo Discovery. O seu aspecto elegante é fácil de criticar pelos "profissionais das grandes aventuras". Mas vamos por partes...

O mundo mudou e não há nada a fazer. Admitimos que não seria possível um dos novos Discovery chegar ao final de um "Camel Trophy" de outros tempos. Mas a maioria dos seus potenciais clientes nem sequer ouviu falar da grande aventura chamada Camel Trophy...

Estivemos no Camel Trophy e guardamos memórias inesquecíveis dessas experiências, mas temos de admitir que gostámos do 3.0 TD6. É um modelo que deve ser visto como uma alternativa às berlinas familiares. Tem mais espaço, uma posição de condução elevada e um conforto que merece aplausos. Apesar da volumetria da carroçaria, é ágil no meio do tráfego urbano e as câmaras auxiliares com visão a 360 graus (opcionais) fazem a diferença.

Deixou-nos de "boca aberta" com o seu potencial em todo-o-terreno, feito da eficácia electrónica. Estas ajudas são fundamentais para o comum dos mortais acreditar que pode ir mais além. Quem acha que progredir em todo-o-terreno é uma "ciência oculta", reservada a alguns eleitos, tem de perceber que os novos auxiliares de condução ajudam os menos experientes a chegar a locais onde os "sábios" tinham dificuldade em chegar. E nós pudemos testemunhá-lo na primeira pessoa...

Basta rodar um selector na consola central, escolher o tipo de piso e o condutor apenas tem que virar o volante, porque o carro leva-o ao seu destino. Perde-se o gozo da superação pessoal?... Admitimos que sim, mas os prazeres de ontem são diferentes dos actuais, e as coisas são como são.

FICHA TECNICA

Motor 3.0 TD6 diesel
Cilindrada (cc) 2.993
Potência máxima (cv/rpm) 258/3.750
Binário máximo (Nm/rpm) 600/1.750-2.250
Velocidade máxima (km(h) 209
0 a 100 km/h (s) 8,1
Consumo médio (l/100 km) 7,2
Emissões de CO2 (g/km) 189
Preço desde (€) 100.628

+ FAMILIAR. Espaço, habitabilidade e conforto vincam o carácter familiar de um modelo que está tão à vontade em estrada como fora dela...

- FISCALIDADE. Para já só estão disponíveis opções 4x4, alvo da aberrante fiscalidade que temos em Portugal. Será que no nosso país ainda não percebeu que o mundo mudou?... 

Em destaque